segunda-feira, 7 de maio de 2012

Amamentação




Parafraseando minha amiga Romeluzia : “ Como é difícil ser mamífero”.







Foi com muita tristeza que constatei que não conseguiria amamentar Julia, em função da mamoplastia que fiz há 20 anos atrás. Ainda guardava a esperança de ser uma exceção e conseguir por alguns meses dar leite materno para minha bebê, mesmo tendo consciência de que aleitamento materno exclusivamente seria impossível e que eu teria que complementar com leite artificial.

Ao recebermos alta do hospital questionei ao pediatra (neonatologista que recepcionou minha bebê) se não seria necessário prescrever logo o leite artificial, pois embora a descida do leite materno demore alguns dias para todas as mulheres, o meu caso ensejava uma cautela maior.

Como eu tinha colostro, o pediatra achou por bem aguardar um pouco mais e me orientou a colocá-la no peito sempre que pudesse para estimular essa descida.
E assim, confiantes, saímos da maternidade. Mal sabíamos os dias terríveis que se seguiriam.

Foram apenas 04 dias...é, 04 longos e tenebrosos dias com minha bebê chorando de fome, sem que eu tivesse leite o suficiente para alimentá-la. Não conseguimos contato com o pediatra e ainda acreditávamos que eu teria leite. Cheguei a ter os seios endurecidos, semelhante à apojadura e crédulos, prosseguíamos tentando. Um estresse pavoroso pelas noites em claro com ela chorando e só parando, quando adormecia por puro cansaço. E nós, ingênua ou estupidamente, acreditando que o leite chegaria. Só de lembrar me corta o coração e dá um nó na garganta.

Tivemos a ajuda de um anjo bom chamado Joana, a tia Joaninha, que nos prestou todo o apoio que podia e muito mais. Por duas vezes, inclusive, chegou a amamentar minha filhota. Nunca poderemos recompensá-la à altura.

Somente na segunda-feira pudemos ir ao banco de leite onde formos maravilhosamente acolhidos, sendo constatada minha baixa produção e o pior: que Julia havia perdido mais de 20% do peso com o qual nasceu. O tolerado é no máximo de 10 %. Foi um choque e uma angústia sem fim. Senti-me culpada por ter feito a cirurgia e por não ter insistido com o pediatra sobre o leite artificial. Coloquei a vida dela em risco e isso muito me machuca.

Erramos sim, mas por ingenuidade, despreparo e pela vontade enorme de amamentar minha filha.

Tentei de tudo para que mesmo recebendo a alimentação artificial minha filha não largasse o peito...mas foi em vão. Ainda na gravidez eu havia adquirido um produto chamado mama tutti, que é usado em relactação e consiste em administrar o leite artificial por uma sondinha colocada junto ao seio, ao mesmo tempo em que o bebê mama. Tal processo deu certo algumas vezes mas tornou-se inviável pois é necessário ajuda de outra pessoa além do custo acabar se tornando absurdo pois cada sondinha é descartável.

Chorei muito, me angustiei e me culpei bastante e até hoje sinto profundamente não poder ter amamentado minha filha, mas procuro pensar que fiz o possível e que o vínculo que temos se constrói com muito mais coisas que apenas a amamentação.

Um comentário:

  1. Muito lindo e emocionante seu relato, inclusive por que acompanhei de perto sua luta e vontade de amamentar sua filha.

    Não se culpe ou se entristeça, pelo contrário, você deve ter orgulho por ter tentado até onde foi possível alimentar sua filha através da amamentação, enquanto muitos desistem nas primeiras dificuldade que quase sempre nem dificuldades são, são apenas desculpas.

    Beijos para essa família querida.

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