quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

ESSE NOSSO MOMENTO...





Gosto bastante do blog mamíferas e leio sempre que posso. São textos muito bons, bastante enriquecedores, criativos, divertidos e inteligentes. É de grande ajuda nessa fase de inúmeras dúvidas, de grande ansiedade e longa espera.


 E por falar em espera há um post fantástico que, inclusive, compartilhei em meu face. Descreve com exatidão o turbilhão de sentimentos e sensações que vivenciamos nesse nosso momento. Essa espera é mesmo um rico aprendizado pessoal, uma deliciosa e surpreendente viagem para dentro de si mesma, na procura de tornar-se uma pessoa melhor capaz de receber, cuidar e amar, esse novo ser que vai chegar, com dignidade, coerência e de forma incondicional.


Segue abaixo:


A arte de esperar

por Kalu

Foto: Kalu Brum.
E de repente está lá dentro. É só uma idéia, um desejo, uma vida que se adéqua aquele morador misterioso do quarto fechado. Dizem que ele aparecerá em quarenta semanas, mas até a idéia de um tempo tão longo é meio vaga.
Perguntam quanto tempo ele está lá. A gente não se e pouco se preocupa com as contas, 12 ou 15 semanas, tanto faz. Nem parece que está por lá. A gente ainda não espera. Idealiza mais do que qualquer coisa. A gente vive em paralelo a existência.
Mas a data de chegar se aproxima. E começamos a pensar como será sua chegada. Pode ser a qualquer hora. Lá dentro o universo arruma o esperado ser até que esteja pronto. Soarão os sinos para sua chegada, antes que a cortina comece a se abrir.
Esperar é das tarefas mais difíceis. Não sabemos por quanto tempo esperar, não sabemos o que nos espera. Lá fora querem que a gente o apresse, que batamos na porta ou que arrombemos a fechadura.
Que graça terá recebê-lo sem que esteja pronto, tendo ele que se compor em uma incubadora?  Esperar desperta as nossas virtudes. Gestamos a paciência, a confiança, a fé e a certeza. Na espera sentamos ao lado do medo, batemos bato com nossas frustrações, choramos com nossas cicatrizes de alma. Quem espera pulsa.
Por vezes achamos que a maçaneta girou ou que um barulho estranho aconteceu lá dentro.  Entendemos que produzimos na ansiedade de quem quer arrombar o buraco da ampulheta sinais não verdadeiros.
E na espera aprendemos mais sobre nós, a colocar nossas virtudes em cena. Relaxar na espera é uma linda lição. Esperaremos a hora dele andar, falar, dormir sozinho, fazer a primeira viagem. Se soubermos respeitar veremos o milagre.
A porta se abrirá, rangendo, devagar e lindamente. Aparecerá uma cabeça, um corpo. Olhos sorridentes, bocas gratas silenciosas por sua espera. A gente duvida se a porta se abrirá. Mas ela sempre se abre. Cabe manter-se confiante na sala de espera.

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