Entrei no sétimo mês, inicia-se a
jornada do último semestre de gestação, e a alegria de ter nossa filhota
vencendo etapas é boa demais. Meu grande desejo é conseguir chegar ao nono mês
e poder ter minha Julia de forma natural, ou ao menos um parto vaginal...nada
de cesariana.
Sei que tenho uma luta pela
frente pois para o meu médico meus 40 anos (completos amanhã), aliados a um
útero bicorno com um histórico de
septoplastia , somados ao aborto que sofri na minha primeira gestação, me
classificam como grávida de alto risco e me remetem à dura realidade de uma cesariana.
Só me resta tentar me preparar
física e psicologicamente para reverter essa história e conseguir ter o parto
que eu tanto sonhei: normal, comigo dando o melhor de mim para que minha
filhota venha ao mundo da forma menos traumática e benéfica para ela. É o
acesso mais forte e pessoal à minha feminilidade, ao controle sobre mim mesma e
à minha capacidade de superação.
Nas leituras sobre parto ativo e
humanização do parto encontro sempre menção ao grande fantasma que aterroriza
as gestantes que pensam em um parto normal: A DOR. A idéia de sentir “a maior
dor que já senti na vida” amedronta um pouco mas eu penso a dor, ou pelo menos,
essa dor, de uma forma um pouco diferente.
Imagino que seja algo intenso e difícil mas, se meu corpo está preparado
para ela, é uma dor esperada, não patológica e é possível de ser suportada e
superada. É dor única, sem igual, que não durará para sempre, no máximo um
punhado de horas, mas me trará uma recompensa para toda a vida (minha
princesinha), essa sim para sempre, que também será única, sem igual, especial
e inesquecível.
As pessoas falam de uma cesariana
como se fosse garantia de tranqüilidade e ausência de dor, esquecendo-se que o
pós- operatório dessa cirurgia envolve dores, limitações, cuidados muito mais
prolongados que os que ocorrem no parto normal.
Vou tentar, até o último instante, ter um parto normal que marcará a mim e a minha filha, porém sua marca será muito mais pelo benefício, pelo vínculo criado e beleza do momento que pela dor passageira...essa dirá adeus tão logo meu corpo tenha cumprido seu papel e será rapidamente esquecida.
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